Te vejo a noite...

Te vejo a noite...

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Canção noturna...


Canção noturna.
Mia Hertz.

Olhares que se trocam,
Mãos que se tocam,
Numa busca incessante.

Bocas que se unem,
Línguas que se envolvem,
Sendo um só respirar.

Corpos que se esfregam,
Suores que escorrem,
Calores que expandem,
No ar noturno.

Larvas correm e escorrem,
Corrente sanguínea abaixo,
Incendiando corpos e razoes,
Que se buscam,
Noite afora,
No quarto crescente.

Olhos cegos e vendados,
Abraços dados e atados,
Corpos unidos e fundidos,
Almas entrelaçadas e enlaçadas,
Corações batendo em um só ritmo,
Melodias soadas aos acordes dos sentimentos.

Amores nascidos e sentidos,
Enraizados em peitos desnudos,
Marmorizados sob a luz do luar,
Recostados e refastelados na lassidão do ato,
No silencio noturno,
Somente eu e você,
Apenas nós e a brisa.

No finito de teu infinito...





O sono eterno.
Mia Hertz. 

No finito de teu infinito,
Mergulho em um universo imensurável,
Perdida em teu olhar,
Esqueço quem sou ou quem serei.

Submergindo do meu eu,
Trilhando caminhos nunca antes trilhados,
Solitária! Continuo...

Olhando o horizonte,
Abrindo as asas,
Lançando- me no espaço,
Voando sigo pelo o horizonte.
Em busca do meu éter.


Segunda-feira, 23 de novembro de 2011.
Uma tarde quente e escaldante, o sol teimava em querer ferver a todos e a tudo no planeta terra. Em um velório perdido no centro da cidade...

Ela se encontrava em seu esquife. Pálida e marmorizada com os olhos fechados em seu sono eterno.
A boca rubra, pintada com esmero combinava com as rosas vermelhas que lhe cobriam todo o corpo. Parecia uma fada em um etéreo jardim, em pleno auge da primavera.
Em seu sono mortal, vestida toda de preto e com os cabelos negros espalhados ao lado do rosto, feito uma mortalha improvisada.
Era a tranquilidade e a passividade, todo o ímpeto e todo o lampejo se encontravam adormecido.
Ao seu lado, um ser etéreo todo de negro, pairava ao lado do caixão, olhando para o mesmo, perdido e confuso, sem entender o que estava ocorrendo.
Sem entender porque não conseguia romper com a mobilidade que lhe prendia a aquela cama perfumada e florida; ao mesmo tempo como conseguia se vislumbrar?
Ao seu redor, lamentos, choros e comentários lhe chamava a atenção.
Uns lhe angustiavam, outros despertavam lembranças e outros lhe enfureciam.
Em um canto distante do amplo salão, uma coroa de flores chamava atenção pela profusão de rosas e pela faixa que lhe cortava ao meio.
Sem poder ler o que estava escrito, curiosa em querer resolver aquele mistério dantesco, ela desliza lentamente pelo ambiente apinhado de amigos, conhecidos e outros tantos desconhecidos.
Procurando por respostas as suas indagações internas, falava com as pessoas que lhe são queridas, entretanto todas lhe ignoravam. Deixando um sabor amargo de tristeza em seus lábios.
Transtornada e desorientada, ela continua andando em direção à coroa.
Parando em frente à mesma, ela lê:

“Estela, aquela que deixará saudades naqueles que a amam. O sorriso se foi e o brilho do olhar escarnecido”.
Estupefata, finalmente compreendera. Estava morta e se encontrava em seu próprio velório.