Te vejo a noite...

Te vejo a noite...

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Eis, que na face marcada e macerada pelas dores e alegrias, lágrimas surgem como enxurradas que a tudo lava e limpa:








Lágrimas.
Mia Hertz.

Lágrimas que deslizam,
Face abaixo,
Tal como o orvalho,
Que escorrega pelas pétalas,
Que se perdem sob o solo.

Gotas transparentes,
Pequenos espelhos d’alma,
Carregadas de nostalgia,
Perdidas nos amores,
Desencontradas nas dores,
Daqueles que ousam sentir e derramá-las.

Gotículas e ovaladas,
Que embebedam,
Aos ternos e eternos apaixonados mundo afora,
Que retalham,
Aos sem esperanças de dias melhores,
Que esquartejam,
Aos solitários perdidos e falecidos em vida.

São apenas meras,
Mas, não menos importante:
Lágrimas com sabor de saudade,
Com gosto de reencontro e com o doce aroma do amor,
Com uma pitada de amargor do dissabor e da desolação,
Das percas e dos desencantos.





segunda-feira, 15 de agosto de 2011

A eterna busca pelo Ágape. O profano anda lado a lado com o sagrado, Etérea vai até as últimas consequências para ir em busca da centelha divina...





Etérea, o anjo caído.
Mia Hertz.

Encontrava-me perdida no olho da tormenta. Os elementos da natureza açoitavam o meu corpo e o meu ser.
Vejo-me em busca de uma guarida onde eu pudesse finalmente descansar e quem sabe encontrar a tão almejada paz.
Continuo andando caindo cada vez mais no torvelinho que me envolve. Os raios laceram a minha pele e os trovões ribombam em meus tímpanos.
As minhas asas se encontram rasgadas, molhadas e caídas costas abaixo.
Expulsa do paraíso vago a ermo por terras hostis, um anjo decaído que perdera a tudo e a todos, menos a esperança de encontrar a sua salvação, prosseguindo solitariamente em sua eterna busca.
No horizonte fito a luz longínqua que me atrai.
Cambaleando continuo tropegamente caminhando em busca do lume salvador. E nas vias de acesso, provo do néctar e do fel que me oferecem, sem, no entanto saciar a fome voraz que consome lentamente ao meu intimo.
A tempestade continua me açoitando impelindo-me a seguir cada vez mais em uma viagem por eras desconhecidas e locais tenebrosos.
Orbitas vazia me olham tentando enxergar a minha alma, seres bestiais tentam me prender, desvencilhando de todos eles, prossigo em minha jornada.
Alguns chegam ao meu encalço, machucando e expondo o vazio a qual sua alma se encontra.
Outros conseguem dilaceram nacos dos meus músculos, mas desvencilhando e lutando continuo fugindo de todos eles.
Em alguns momentos, entro em contendas com eles e consigo dilacera-los com as minhas mãos e presas, deixando atrás de mim um rastro de sangue e de carne, eis o meu legado a todos aqueles que me enfrentam.
O percurso é pesado e repleto de miasmas e seres plasmados, os vãos são sombrios e as avenidas escuras, um universo a parte, onde os seus habitantes vivem nos tormentos e convivem com suas dores infinitas.
O aroma fétido e sulfuroso penetra em minha narina, ferindo-as. Entretanto continuo surda aos gritos e lamentos que me atormentam a cada momento.
Sigo em busca do lume, enfrentando a todos e a tudo, principalmente a mim mesma.
Essa eterna fome pela destruição, pelo caótico e pela transformação, que foi a razão da minha queda e também do meu êxito, porque se eu não possuísse essas características Lúcifer teria conseguido destruir as ameias e teria invadido o paraíso.
Perdida em minhas reminiscências e exausta me encontro próxima da guarida da luz, que tanto me inquieta e me chama.
A centelha reluz atraindo-me, clamando pela junção e pela união, o regresso da filha prodiga na moradia do pai bendito.
Estendo a mão em busca do calor tão desejado, quando tentáculos agarram e sujeitam os meus membros e me puxam.
Debatendo, lutando e urrando, batalho contra essa força sobre-humana que me arrasta cada vez mais para perto do lume.
Horrorizada fito ao ser a minha frente, luminoso e belíssimo, entretanto perverso e demoníaco.
Sinto quando ele arranca o meu braço, escuto os músculos sendo rasgado, o osso estralando como se fossem folhas secas sendo esmagadas nas mãos das crianças nas frias tardes de inverno.
Permito que minhas presas surjam e que as garras da minha mão que sobrara apareça.
Lanço-me de encontro ao ser, procurando pela sua jugular, cravo-lhe as presas rasgando a carne adocicada e sinto o poder do seu sangue em meus lábios rachados.
Sugo, conhecendo a sua essência e provando do seu ser.
De um só golpe, lhe enfio a garra externo adentro e retiro o seu coração que ainda morbidamente pulsa na minha mão.
Destroço o seu pescoço, banqueteando-me com sua carne amarga. Destruído e caído aos meus pés, vejo a fragilidade da inútil procura da centelha divina.
Me encosto na gruta, inspiro profundamente, entrego-me ao cansaço de mais uma contenda vazia.
Com a minha garra, abro a minha aorta e deixo o sangue verter.
Purificando o ambiente e ao meu ser. Centelhas de fogo lambem a minha pele, finalmente a paz me acolhe e fito a escuridão que habita no meu ser.
E pela primeira vez, acolho o meu lado sombrio, unidos alcançamos a ágape.



Ficara na responsabilidade dele de recolher o último anjo caído, finalmente ela conseguira a sua redenção, passara por muitas provas e a todas vencera.
Entrando lentamente na sombria gruta, ele busca por ela com o coração aos pulos, após tanto tempo finalmente iria vê-la novamente, o reencontro tinha um sabor doce em seus lábios e no seu ser.
Quando se depara ao cadáver de um ser mutilado e olhando mais a frente...
O arcanjo fita a pequena mulher destroçada que placidamente se encontrava deitada no solo em seu sono mortal, as asas cruzavam o peito como se fosse uma manta que acolhe e protege, a face marmórea refletia a paz dos últimos momentos.
Quando vislumbra em pé, o espirito da criatura angelical que o fita pela ultima vez, antes de abrir os braços e ser sugada para o interior de uma grande luz.






domingo, 14 de agosto de 2011

As cancelas estão abertas e nelas... Eis que surgem com ímpeto lampejos de criações que rasgam o véu do racional e mergulham no mar das emoções... Que muitas vezes se mostram não tão plácidas e não tão melosas... Mas, são uma viagem ao interior do eu ou uma volta do eu. Quem sabe?

Ausência...
Mia Hertz.

Lágrimas que rolam,
Caem e se perdem,
No tempo e no espaço.

Amores esquecidos e lembrados,
Entre um gole e outro,
Perdidos e desencontrados,
Nas baforadas do cigarro.

Saudade mesquinha,
Que oprime e esquarteja,
O coração que teima em bater,
Apesar da dor da tua partida.

O que são os sentimentos,
Senão meros flagelos,
Que açoitam a minha alma,
Noite a fora...

Sem descanso ou paz,
Apenas o amaro latejar que teima,
Em mostrar o que se perdeu,
Na tua constante ausência.



Onde se inicia a vida e onde termina a morte? Se a cada dia nos morremos um pouco. Um pedaço a cada segundo e a cada instante nascemos!






Vida...
Mia hertz.

A cada tumulo visitado,
Um epitáfio lido,
Uma vida passada,
Uma historia acabada,
Uma rosa perecida.

A cada pá de terra,
Que cai lentamente,
Um sonho perdido,
Um choro sentido,
Um coração partido,
Uma família desunida.

A cada rosto sombrio visto,
Um sentimento inacabado,
Um tormento sem dó e
Uma ferida sempre aberta no coração enxague.

A cada osculo da morte,
Um nato que rompe a aurora,
Enquanto que um incauto percorre os corredores do além...
A cada segundo que passa,
Um pedaço meu falece,
Assim como outros tantos ressurgem...
E assim é o viver...
Um eterno acasalamento da morte com a vida,
Ou da vida com a morte. 

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Noite...

Noite...

 Na penumbra quantas coisas ocorrrem. É impossível mensurar tudo o quanto se sente quando as palavras são meros enfeites para quantificar o quanto se sente... E quando os sentidos estão envolvidos com o sentir, não se sabe onde começa um ou quando termina o outro...
Sendo apenas torvelhinhos de sentimentos...







Entre sussurros e beijos,
Molhados e suados,
Gemidos e abraços,
Encaixados e apertados,
Dentro dos teus braços,
Me entrego de corpo e alma.
Esquecidos e perdidos na penumbra da alcova,
Encontrados nos carinhos,
Mergulhados e imersos nos desejos,
Vinculados nos sentimentos,
Que nos isolam do mundo e dos porquês do sobreviver...
Nos encontramos,
Unidos no ato,
Atados nos abraços,
Despertados nos beijos e carinhos trocados.
Nas promessas que foram sussurradas,
As pressas entremeadas de ósculos,
Encharcadas de amor e lágrimas,
Nas horas que escoam,
Sem piedade na noite...

by: Mia Hertz.