Te vejo a noite...

Te vejo a noite...

terça-feira, 1 de dezembro de 2020

 


“Está se aproximando o grande eclipse das luas gêmeas, o terror e o horror irão caminhar pela terra, triste daquele que estiver fora de sua guarida, pois a morte vagueia sobre a terra e as criaturas do umbral neste milênio estão a mil!”

... “ A portadora da peste, mais uma vez estará liberta e provavelmente Ares estará se corroendo de ódio”... Medéia, a feiticeira.

Gazeta de Orion, Decimo oitavo planeta da constelação de Orion.

 

Ariadne, a portadora da peste.

Mia hertz.

 

 

No céu as luas gêmeas do décimo oitavo planeta da Constelação de Orion, se encontrava alinhadas e com um estranho fulgor vermelho que matizava o mesmo de carmim, como se o sangue dos inocentes que pereceram neste planetoide ainda estivesse escorrendo, apesar de fazer tanto tempo do acontecimento.

A quietude da floresta era quebrada com os uivos e urros dos lobos e bestas que moravam nelas, os animais e outros seres se encontravam escondidos e temerosos devido aos miasmas e energias que saiam das fissuras do solo.

Essa era uma noite atípica, pois a cada mil anos quando ocorria o alinhamento das luas, nesta noite Plutão permitia que os seres que estavam encarcerados no Umbral pudessem se plasmar e zanzarem livremente pela crosta.

Era um acontecimento macabro, pois os seres saiam ensandecidos e atormentados pelos caminhos, colocando a todos os outros seres em perigo eminente.

Vinganças, festins e a luxúria ocorriam sem limite, amedrontando e prejudicando aos incautos inocentes.

 

As cancelas estavam finalmente abertas, saindo lentamente pelos portões enegrecidos uma mulher de tez branca e fluídica caminhava como se estivesse planando pelo solo.

As suas longas melenas vermelhas se arrastavam anca abaixo, se movendo como se tivesse vida própria. Pareciam labaredas de tão rubras que eram incandescentes e chamativas.

Em sua mão direita carregava uma lira e dedilhava lentamente testando o som.

Em seus lábios pairava um sorriso triste e o seu olhar se encontrava perdido no interior da floresta. Em busca do quê, só ela mesma saberia responder.

A cada passo vencido deixava atrás de si, rubros botões de rosas, que surgiam de seus cabelos e rolavam solo abaixo, formando uma via escarlate e sanguinolenta no arenoso terreno.

Um espetáculo belíssimo, entretanto muito aterrador, pois das pétalas minúsculas gotas de sangue pingavam sem parar, em um festim desenfreado que atraia toda espécie de bestas.

De sua alva face, lágrimas sanguinolentas escorriam marcando a beleza translucida da dama e riscando a branca túnica, formando intricados arabescos, jamais visto.

Ariadne, a portadora da peste estava liberta do Umbral e mais uma vez caminhava pela terra. Ela nunca fora estimada pelos Deuses, pois sempre fora rebelde e nunca acatara as ordens que iam contra os seus princípios, e devido a esse comportamento inusitado, que a sua atual moradia era no mundo dos mortos e dos seres que penam.

Ela morrera, porque não acatou a ordem do Deus Ares, quando o mesmo a enviara para espalhar a peste em um vilarejo que não cultuava ao deus. Ao tomar conhecimento da desobediência da dama, ele quisera que ela fosse imolada em seu santuário no decimo quinto planeta de Orion, no entanto, Ariadne fora mais rápida se suicidara tomando cicuta na ilha de Medéia, a feiticeira e devido ao pecado dela, ela fora enviada para o umbral e não para o paraíso ou mesmo para o submundo onde o Deus Plutão é o imperador.

Ariadne, jamais se arrependera de ter tirado a sua própria vida, a única coisa que ela ficara triste fora por não ter visto por muito tempo as feições contrariadas de Ares ao lhe encontrar agonizando no divã.

Fora doce morrer olhando para ele e saber que com ela iria desaparecer o seu legado, o dom maldito de espalhar a peste entre os humanos, a pior de todas as doenças, aquela a qual os seres morrem em meio a pústulas de sangue e pus, onde os seus órgãos se deterioram em menos de vinte e quatro horas.

Quando ele a enviara para que disseminasse a doença, ela se negara terminantemente, pois jamais iria acatar uma ordem tão vil, por isso que preferira morrer, não esperando pelo verídico dos outros Deuses.

Ares, ao encontrar Ariadne agonizando foi tomado pela fúria, saiu irado destruindo pessoalmente ao vilarejo, matando todos os seus habitantes com sua espada. 

Ariadne, enquanto vagueia se perde em sua elucubração...

- Ah! Como gostaria de poder inocular a cada hipócrita e egoísta Deus dessa constelação... Seria tão bom!

- Queria ver a arrogância dos mesmos, vertendo juntamente nas pústulas e nos órgãos liquefeitos que iriam sair por todos os orifícios. Resmungando baixinho ela continua em seu percurso.

-Plutão e os seus presentes de grego, ele faz isso porque ama o caos e a destruição que os seus seres fazem onde passam.  Oh! Ser sádico!

Perdida em suas reminiscências e nos seus desabafos, adentra profundamente na floresta, em busca daquele que outrora amara o centauro Aquian.

Quando ela caíra em desagrado, todos aqueles que ela amara outrora fora também destruídos ou banidos.

Aquian fora transformado em uma estatua de mármore nas profundezas da floresta, se tornando um eterno guardião do local predileto de ambos.

Ele se encontrava fitando o horizonte, como se estivesse a sua espera.

A cada passo dado ela vencia mais a distancia entre ela e do seu amado, olhando carinhosamente o ser encantado preso no mármore, relembra dos momentos amorosos que compartilharam e nos projetos que foram discutidos, nos abraços e beijos trocados entre as risadas e brincadeiras que era realizada entre ambos.

Carinhosamente ela passa a mão na fria face, enquanto canta todos os seus sentimentos e todos os seus alentos para ele.

Uma canção que fala do seu amor, da sua saudade, da sua tristeza, da sua solidão e da sua dor, mas também da sua esperança de quem sabe um dia, em outro mundo ou mesmo em outra era, eles possam vivenciar o belo amor deles.

A cada nota da melodia, o local se torna repleto de luz que envolve a todos os seres vivos, humanos ou não.

Essa centelha traz em seu cerne, fluídos que envolvem aos seres proporcionando cura, bem-estar, saúde e bons sentimentos. O amor plasmado em energia que transforma a tudo e todos que toca.

A noite vai se findando, assim como a canção de Ariadne para Aquian.

As luas gêmeas voltam aos seus respectivos lugares, os seres do umbral retornam para o umbral e com elas, Ariadne.

Aquian continua fitando o horizonte na sua eterna espera por Ariadne.

E a vida continua no decimo oitavo planeta, entretanto com a energia de Ariadne plasmada e espalhada por todo o ambiente e seres.

 No Olimpo, Ares estar a remoer todo o ocorrido e a desobediência de Ariadne, a única mulher que o desafiara e escapara da sua fúria.

 

A canção de Ariadne:

 

Em outros braços,

Procuro e busco,

O que tive nos teus,

Porém a lacuna continua me esmagando.

 

Em outros olhos,

Tento enxergar o lume,

Que tanto me atrai e atraiu outrora,

No entanto,

Só a escuridão se faz presente.

 

Em outros seres,

Busco o teu sorriso,

Porém só me deparo com o eco das palavras vazias.

 

Na ausência da tua presença,

Prefiro a solidão dos dias e das noites longas,

Que esmagam ao meu coração,

Do que a busca desenfreada pelo nada.

 

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Eis...

Encantos...
Mia Hertz

Seus olhos,
São espelhos do teu ser.
Que demonstram e desmascaram,
Os sentimentos,
Que passam pelos recantos mais secretos do seu intimo.

São orvalhos para os olhos,
Sedentos dos outros,
Que encorajados mergulham nos cantos obscuros do teu ser,
Que são devassados a cada momento.
Encantando a todos que lhe deitam,
Os olhos cansados,
Por breves minutos, segundos ou mesmo horas,
Deslumbrando os desencantados da vida,
Encantando-os...

Nem sempre os diamantes são os melhores amigos das mulheres...


Mirar...
Estela Hartz.

Miro nas estrelas,
Que presas ao firmamento,
Balançam como brilhantes,
Nas solitárias orelhas de uma dama perdida.
Que se perdeu nas fusões,
Que virou cisões,
Transformando-se em decisões inadiáveis.
Libertando-se,
Rasga os céus,
Feito navalha,
Curando as dores,
Retirando os tumores,
Amando as cores,
Permitindo-se...
A voar e se perder no limiar...
Miro...

Uma crônica antiga, mais atual, daquelas sem pé e nem cabeça, entretanto nas entrelinhas narra tantas coisas!

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Pensando nas mulheres que levam alcunhas sem merecimento, criei essa singela crônica:

Mia Hertz.

Turbulências de calcinhas roxas...
Uma breve crônica de um problema crônico.

Em um universo paralelo, onde as turbulências não tinham hora e nem dia para acontecer.
Um dia, a tempestade desabou torrencialmente: surgiu uma frente fria de calcinhas minúsculas roxas, que lentamente avançavam sobre os trópicos dos desequilíbrio, normalmente essas frentes frias fariam a alegria dos controladores do tempo, em outros planetas e outros contextos.
Mas, neste local tudo é motivo de pancada de granizo e de furacões sem sentido. É um local árido, lotado de esqueletos de construções destruídas, caóticas e sem rumos...
Os seres que habitam nesse mundo, vivem atolados em fantasias escabrosas de cornos gigantescos, de sentimentos não resolvidos e projeções transloucadas...
Estavam mumificados em santuários de modelos de existência furados (paradigmas encruados) que nunca tornaram qualquer um deles verdadeiramente livres.
Devido a isso, saiam em turbas enfurecidas, correndo de um lado para outro, apavorado com a tempestade de calcinhas roxas, sem saber: se renegavam ou se pegavam.
Elas indecentemente planavam e desfilavam em nádegas de quarentonas que nem estavam aí para o ocorrido, pois estavam mais preocupadas com seu conforto do que nas reações transloucadas da população ensandecida.
E as calcinhas continuavam a cair, indiferente a todos e a tudo.
Invadindo as casas, os apartamentos, os cinemas e as construções, era uma visão dantesca; centena de milhões de peças intima dentro de roliças e alvas bundas desabando assustadoramente nas cabecinhas deste mundo tão pragmático.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

A inusitada criação de Hera e as suas consequências.... Mais uma crônica de Orion, onde o improvável sempre ocorre!

A criação de Hera!
Mia Hertz.
Crônicas de Orion, vigésimo quinto planetoide de Orion.
1203- Idade do Ouro.

Os ventos açoitavam o solo estéril do planetoide, levantando os minúsculos grãos de areias em seu caminho.
Pequenos redemoinhos rodopiavam pela superfície bailando ao som dos gemidos incessante da ventania que ecoava pelos vales.
No zênite uma lua inchada e amarela velava pelo inóspito planeta servindo de única fonte de luz para o local.
Antigos mares e oceanos jaziam secos e despidos de vida, como se fosse feridas abertas na crosta terrestre.
Velhas florestas e bosques pereceram restando apenas tocos carbonizados, alegoria macabra da completa inexistência da vida.
Nos centros urbanos, estruturas de aço e concreto retorcidas se faziam notar ao longe, pareciam esculturas surrealistas de um gênio louco, que nos seus arroubos de criatividade decidiu deixar para a posteridade a sua criação inusitada, permeada de aço, concreto, vidraças estilhaçadas e corpos vitrificados. Herança da explosão da grande bomba.
Na antiga praça a estatua de uma guerreira com a espada em riste, desafia a deuses e as criaturas, na sua solitária contenda.
Nos bueiros e esgotos da cidade, seres metamorfose caminhavam livremente pelos vão fétidos e escuros.
Eram criaturas que foram geneticamente transformadas após a grande guerra.
Uma mistura bizarra de humanoide com baratas, possuindo mais características das últimas do que dos primeiros.
Seria uma brincadeira de mau gosto das parcas? Castigo dos Deuses ou um acidente genético? Nenhum ser chegou ao x da questão.
Nem eles mesmos conseguiam responder a esse paradoxo.
A sociedade estava organizada de forma patriarcal e possuíam um uma forma de governo democrático, e como tal, não estavam livres das mesquinharias e das lutas de classe que ocorriam, em seu cerne.
A justiça era inusitada, pois era feita de acordo com as posses de cada um, para não haver injustiça normalmente o juiz “que era o dono da cidade” acabava devorando o réu e o acusado, ficando com as posses de ambos.
A harmonia prevalecia através da força de quem tivesse a maior bocarra. Quanto maior a boca, maior o apetite, consequentemente os menores acabavam servindo de alimento e sendo subserviente aos maiores.
Acatando a todos os desmandos e mandos dos bocões de plantão.
O lema que corria a boca miúda era:
“Quem era louco para ir de encontro aos poderosos baratoides super desenvolvidos.”
Nessa sociedade inusitada e atípica, alicerçada na força bruta da boca, existia um ser que apodrecia nas masmorras há séculos, ninguém nunca o vira, mas todos sabiam de sua existência.
Os mais fracos e oprimidos o veneravam como a um deus, fazendo orações e promessas para que o dia do juízo final chegasse logo, e que o mesmo se libertasse e os salvassem do jugo dos mais fortes.
Os poderosos da cidade o temiam e procuravam esquecer a sua existência, promovendo de vez em quando um massacre, pois comiam a metade da população, com o objetivo de acabar com as cantilenas e as orações do populacho.
No entanto, os metamorfos se reproduziam muito rápido, eram piores que os coelhos enjaulados.
Entretanto, um dia, Hélio, um bocarra, querendo alcançar a gloria e a promoção, num arroubo de coragem ou de estupidez, se atreveu a ir ao calabouço com o proposito de exterminar aquele que era nomeado de salvador.
Chegando ao local, temerosamente abre a porta da cela.
De supetão invade o local, olhando todo o perímetro não encontrando nada a não ser um antigo artefato humano com uma válvula enferrujada.
Sorridente e orgulhoso de si mesmo, aproximando-se da coisa e com uma patada, abre a válvula.
Imediatamente o gás escapa silenciosamente e sorrateiramente. Envolvendo a todo o ambiente.
Indo de galeria a galeria, de vão em vão. Deixando em seu percurso um rastro insidioso de detefon e criaturas retorcidas, agonizando e babando pedindo clemência aos deuses.


Zeus, no Olimpo, brandia os seus raios irritado, enquanto esbravejava para Minerva.
- Eu avisei a Hera! Que não inventasse de misturar baratas com humanos. Mas, ela é teimosa. Simplesmente esses seres herdaram o que havia de pior em ambas as raças:
A burrice, a soberba, a tirania, o orgulho, a fome desenfreada pelo poder...
Minerva placidamente e calmamente, olhando nos olhos de Zeus retruca:
-Mas, Zeus. Hera disse que usou um pouco do seu sêmen para fazer a mistura!



domingo, 20 de novembro de 2011

No frio gélido, uma mulher caminha ao som das suas próprias lembranças...






Eva.
Estela Hartz.


Segunda-feira, 23/11/3044.
Ao cair da noite, o frio gélido entrava pelas frestas das residências enregelando aos seres viventes, que em meio às cobertas faziam de tudo em busca do calor abençoado.
As ruas desertas e solitárias são varridas pelos ventos cortantes, que levantavam e rodopiavam velhos periódicos esquecidos e relegados aos asfaltos.
Em um balé pós- moderno dançado ao som da melodia da cacofonia dos seres noturnos, que ao longe, se comunicam e vivenciam mistérios jamais sonhados.
Na imensidão do horizonte, uma mulher caminha embrulhada em uma coberta cerzida e encolhida em si mesma, enfrentando os elementos da natureza e do seu próprio eu.
Seguindo via afora, sai em busca do calor para aquecer e confortar a sua alma, a cada passo dado, recordações lhe açoitam, modificando as suas feições e o seus humores.
Em sua breve existência tantos fatos lhe ocorreram que crescera em meio às tormentas do mundo e da sua alma.
As crenças, as esperanças, os temores, as lidas e a sua fé inabalável na humanidade, entretanto foram tantas as decepções que perderá completamente a inocência e a fé, restando apenas o amaro sabor da veracidade da vida, tal como ela é.
Perdida em suas reminiscências não observa que o caminho seguido à leva direto ao precipício, afogada em suas dores e dissabores dá os passos finais para a queda livre.
Ao sentir solta, livre e sem peso, abre os braços soltando as cobertas que lhe pesaram a vida inteira, abraça a imensidão do mundo, da sua existência e das descobertas feitas nos instantes finais da sua vivencia.
O seu coração num estupor para, sua vida inteira se esvai quando o seu corpo se estatela e se estraçalha nos rochedos da praia.

Terça-feira, 24/11/3044.

O sol surge no horizonte iluminando e aquecendo a todos, na calma praia, os rochedos se erguem tal qual espadas em riste apontando para o céu em busca de oponentes poderosos para digladiarem, entre eles um corpo retalhado e lívido está jogado a ermo, entregue a sua própria sorte.
Servindo de banquete as aves marinhas e aos caranguejos, que transloucados procuram devorar o maior naco de carne.

Tal como um lume, que ao sabor do vento, pode em instante se apagar...

Fugaz...
Mia Hertz.



Em meio ao caos,
Os instantes que antes eram fugazes,
Tornam-se eternos.
Nas dores que revolvem as vísceras,
O temor companheiro constante,
Enlaça e me acolhe.
Entre as brumas e os raios,
Caminho em direção as luzes,
Que norteiam os percursos,
Como faróis acesos num porto seguro,
Entre as cancelas bravias que quebram no quebra-mar,
Durante a tormenta.
O que é seguro neste mundo?
Os sentimentos que norteiam ao individuo,
Podendo libertá-lo ou encarcera-lo permanentemente,
A existência que enriquece ou aliena,
A cada inspiração e expiração do oxigênio.
São as bifurcações da vida,
O entretanto, o senão, o porém e o mas,
Que pontua a cada vã momento.
Escolhas, opções ou omissões,
Amores, desamores ou ausências,
Que liberam ou esmagam,
Nos momentos fugidios que se estendem
Por sentimentos que se prolongam nas areias do tempo.