Te vejo a noite...

Te vejo a noite...

terça-feira, 21 de junho de 2011

Até onde o amor se entrelaça com a dor? Até onde a dor da perda esmaga os sentimentos, fazendo a razão se dissipar?







O intercâmbio entre Orion e o submundo, nos surpreende a cada aventura.
Paixões não resolvidas, traições, amores mal elaborados e mal estruturados, vinganças medonha e até o Umbral deu sinal de vida ou de morte... Quem sabe?
O que falta aparecer?
Os políticos brasileiros e a corrupção dos mesmos... Ops...

Gazeta De Orion:
... “Fedra, a sem coração, voltou do umbral graças à intercessão da grande deusa Hera”.
Hera a bondade encarnada compadecida pela malograda história de amor de Fedra e de Damon, resgatou a doce dama do horripilante lugar.
O que seriamos de nós sem os Deuses? “Que nos protegem e nos amem incondicionalmente...”.
 “- Hera dessa vez foi longe demais! – Zeus em seu rompante de ódio, soltando raios e trovões ao saber do destino de Syrea, a sereia...”.

“- Maldita hora que fiz sexo com Zeus! O pior que nem foi tão bom. Aff!” Syrea, a sereia.  

Fedra, A sem coração!
Mia Hertz.


O sol estava se pondo no horizonte matizando o céu em um amarelo carmim.
Uma brisa suave refrescava o entardecer tornando a temperatura agradável.
As folhas rumorejavam agitadas pelo vento e os pássaros canoros procuravam abrigo para se acomodarem.
Uma mulher com o rosto vincado pelas tormentas das almas caminhava tropegamente segurando o esterno com ambas as mãos.
Delicada e miúda, com traços faciais comuns e um par de olhos amendoados e profundos. Marcados pelas dores e decepções, lágrimas de sangue riscavam face abaixo, a cada passo dado.
Enquanto, falava para si mesma:
Parte...
Esquece que um dia,
Já fui tua,
É que tu já foste meu.
Leva...
Contigo essa dor,
Que estraçalha o meu ser a cada instante.
Sinto...
Febre a cada momento em que penso em ti,
Vá não olhe para trás,
Não quero que veja os cacos do que sinto,
Rolando solo abaixo.

Se aproximando do lago, que era margeado por centenárias árvores.
Fedra contempla a paisagem com os olhos úmidos e com a constante dor que despedaça o seu ser.
Envolvida no seu inferno interno, se desliga da realidade mergulhando no seu interior, envolvida pelas lembranças que lhe martirizam.
Estava encantada, enfeitiçada e amaldiçoada desde o dia que fitara ao demônio guardião dos sete infernos.
Sua feição, seus carinhos, suas palavras, seus beijos e seus toques lhe acompanhavam diariamente através da saudosa recordação que tinha dele.
Evocação essa que esquentava a alma e o corpo, sentindo como se o seu corpo estivesse constantemente sendo devorado por labaredas de fogo e o odor do amante querido estava impregnado em sua pele como se fizesse parte dela.
O tempo passara, o vinculo se fortalecera e as almas de ambos se uniram a cada encontro.
Entretanto, nem sempre os seres estão preparados para as dádivas que recebem dos Deuses ou mesmo dos Demônios.
Damon, um demônio ladino tinha medo de perder o seu coração para quem quer que seja; humano ou entidade.
Viu-se encantado por uma frágil humana e temeu perder de vez o seu equilíbrio e os seus cornos gigantescos.
Temeroso que pudesse se envolver ainda mais com tal criatura, simplesmente foi embora e partiu em uma missão: vistoriar aos sete infernos deixando a amante sem noticias dele.
Queria a todo custo tentar esquecê-la, deixar de sentir o seu sabor em sua boca...

Fedra esperou uma semana, duas e outras tantas... Cansada de tanto aguardar, magoada, ressentida e se sentido traída, fizera um pacto com a bela sereia Syrea do lago da floresta de Zur.
Decidira que jamais voltaria amar a qualquer outro ser em sua vida.
Decisões precipitadas, tomada no calor do momento, que muitos seres tomam quando estão imerso em suas dores, decepções e indecisões...


A sereia sentada em sua rocha na beira do lago olhava atentamente e satisfeita à mulher atormentada que vinha chegando.
Intimamente se questionava da ingenuidade dos humanos e da fragilidade dos mesmos.
- Como uma raça tão passional quanto à deles ainda sobreviviam em um planeta tão selvagem quanto o deles?
Jamais saberia a resposta e nem queria sabe-la, pois para ela, o que interessava o que iria ganhar com esse pacto.
Fedra chegou até a sereia esperando as orientações da mesma.
Trêmula, indecisa e ferida, pensou e sentiu o odor mais uma vez o seu demônio tão querido e tão amado.
Embriagada pelas recordações não observou quando a sereia em um bote, lhe rasgou o peito retirando dele o seu coração ainda pulsando.
Estupefata e com dores atrozes, Fedra desliza ao solo banhado em seu próprio sangue.
Enquanto que a entidade degusta o morno coração entre dentadas.
No estupor da morte, Fedra sente pela última vez o sentimento de amor e da dolorida saudade.
Entre uma abocanhada e outra a criatura fala fitando o corpo sem vida da rapariga, falando:
- Resolvi o seu dilema criança, agora não tem mais como amar outra vez...

No umbral, sombras deslizam, seres grotescos correm ziguezagueando por entre corpos retorcidos e matérias plasmadas.
No horizonte um oceano negro, placidamente se movimenta escondendo e acobertando criaturas, monstros e seres desencarnados.
Que entre lamurias, gemidos, gritos e sentimentos confusos que vão desde o espanto até a profunda revolta.
Nesse caótico local, uma mulher com a cabeleira revolta fita o infinito sempre a espera...
Em sua túnica alva se nota um buraco oco entre os seios.
Com as mãos cruzadas, ora placidamente, pedindo perdão pela estupidez cometida...
Sem coração, porém é um ser que transpira amor para doar e dá para qualquer um...
Enquanto que clama serenamente:
Te quero,
 A cada amanhecer.
Te desejo,
 A cada entardecer.
E quero ainda mais na solitária noite,
Onde os instantes se tornam horas,
E o frio se faz presente sem ti.
   
Nos sete infernos, um demônio se encontra confuso, perdido e sentindo que a sua outra metade se fora.
Ele que nunca fora de chorar, derramava lágrimas de sangue solo abaixo, que evaporava ao toca-lo, devido ao abrasador calor da terra.
Com o coração estraçalhado e a alma em cacos, ele chora copiosamente, orando por um milagre que traga de volta a vida a sua fortaleza: Fedra.
Entoando uma cantilena, que ecoa pelo lúgubre local:
Estou a lhe buscar,
Numa desenfreada procura,
Sem sentido ou nexo.
Estou sempre a pensar em ti,
A cada momento sem sossego ou calmaria.
Estou a te sentir,
A cada vã instante,
Sendo embriagado pelo o teu ser,
Pelo o teu sabor,
Pelo o teu doce odor.

No Olimpo, Hera descobre mais uma escapulida de Zeus. Andando nervosamente, enquanto grita aos ventos:
- Ele... Traída... E acreditem com uma mesquinha sereia!
Irada, revoltada e magoada, ela simplesmente num acesso de fúria, negocia a vida da sereia pela de Fedra a sem coração com Hades.
Atiçando a luxuria do Deus do submundo ao descrever a beleza da entidade e da lascívia que era uma das suas características mais marcante.
Após, muita conversa e muita bajulação, ela finalmente consegue o seu intento. De um só golpe ela castigará o adultero companheiro e a saliente sereia.
Contente, fala animada aos seus botões:
- Uma alma por outra.

Na crosta terrestre, Fedra acorda e ao abrir os seus olhos vê o ser que a cativou.
Sorrindo, acolhe em seus braços o seu demônio tão amado e tão querido.


Poemas:
Razões - Mia Hertz.
Canção de Fedra - Mia Hertz.
Querer - Mia Hertz.

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