Te vejo a noite...

Te vejo a noite...

terça-feira, 8 de março de 2011

O ocaso de Luna - Mia Hertz


Gazeta Orion 28/ 02/ 3028.

“Crimes sem soluções atormentam aos pacíficos moradores e deixam em polvorosa aos Deuses do 13º Planeta”


27/02/3028.

O décimo terceiro planeta de Orion é pitoresco e único em todo o sistema solar. Devido ao seu clima, fauna, hábito e costume serem tão parecidos com o antigo planeta terra.
Somos uma sociedade escravocrata democrata, que enaltecemos as virtudes, a sabedoria e a razão.
Os grandes Deuses gregos eram os nossos protetores e guardiões, no entanto, há cem mil anos atrás, após o impacto de um cometa em nossa crosta terrestre.
Surgiu um ser magnifico de força sobre-humana, um Deus de beleza impar que desbancou a todos os outros e tornou-se o protetor e patrono da nossa polis.
Entramos no apogeu graças a ele, mas nem tudo é um mar de rosa em nossa cidade.
Existe um lugar tenebroso, um verdadeiro enigma que desafia a todos e a tudo que é racional.
O local a qual narro, não é um reles, ou mesmo um simples e sujo beco. E sim um fétido, escuro e horripilante, que afasta a todos de sua proximidade. Pois, nenhuma criatura em sua sã consciência entrava ou chegava próximo dele.
Segundo as más línguas; Cérbero, o cão de Hades, fizera desse local a sua guarida.
Enquanto outras diziam que um zumbi escamoso do décimo oitavo planeta tinha feito do local a sua toca, empesteando o ambiente com seu odor pestilento e devorando as suas vitimas.
No momento, não existia consenso entre os falantes, mas era de opinião geral que o beco das quatro estações era um território perigoso e proibido para animais, humanoides ou mutantes.
Entretanto, como toda regra tem a sua quebra ou exceção, ela seria rompida na figura de um belo humanoide escrava recém-chegada do decimo quinto planeta, nomeada por Luna.
Ela possuía a tez alva, parecia que tinha roubado o brilho da lua terráquea, traços delicados e mimosos, uma boca que chamava atenção e despertava o interesse daqueles que a olhavam, era uma verdadeira boneca de porcelana. Um ser que despertava desejo e fantasias naqueles que a olhavam.
Ela andava nas proximidades do beco, quando uma tempestade de meteoros riscou e bombardeou o planeta.
Temerosa em se machucar ou mesmo em perder a vida, Luna sai em busca de abrigo para se proteger.
Correndo em zigue e zague pelas vias, procurando fugir dos projéteis fumegantes celestes.
Receando acabar frita ou mesmo achatada pelos corpos celestes que caiam em plena combustão no solo fazendo o maior estrago nas avenidas, nos prédios e nas florestas.
Luna corre olhando as enormes crateras fumegantes que estavam expostas como postulas virulentas estouradas que minavam um liquido viscoso incandescente.
Entretanto, algumas pessoas desavisadas e desafortunadas não tiveram a mesma sorte de Luna, pois foram atingidas em cheio pelo meteoro, restando apenas cinzas, buracos, pedaços de carne chamuscada e fluido vermelho alaranjado incandescente.
Os simplórios oravam pedindo a Zeus que parasse com toda aquela tragédia, prometendo ao Deus; o mundo e o fundo.
Mas, a calamidade não dava trégua, era como se o Tártaro tivesse sido aberto e os demônios estivessem soltos fazendo a sua festa particular na superfície.
Luna se pôs a correr em busca de abrigo no mal falado beco. O mesmo rescendia a enxofre, bolor e cheiro de carniça.
Tampando o nariz a pequena escrava entra no local; rezando e pedindo a Atenas proteção e sabedoria.
A cada passo dado, o odor aumentava e o calor se tornava insuportável, parecia às fornalhas de Hefesto de tão quente que estava.
Se aventurando interior adentro sem se preocupar com o odor fétido ou calor infernal, enquanto falava para si mesma:
_ “como a minha velha avó dizia: A dor ensina a gemer e você tem que aguentar cada pancada da vida!”.
Ao seu a escuridão imperava, ela não conseguia enxergar um palmo na frente de seu nariz.
Tateando pela parede viscosa, ela vai se aproximando do fim do beco.
Este terminava com uma sólida parede, na frente dela, dois lumes azuis prateados brilhavam proporcionando uma parca iluminação no ambiente.
Não havia como identificar de onde se originavam, estavam lá inertes brilhando.
Em busca da luz, Luna sai feito uma mariposa atraída pelo lume da vela, sem se preocupar com as consequências do seu ato.
Cada passo vencido, mais próximo da fonte de luz ela ficava.
Faltando dois passos a ser dado, Luna para, respira profundamente e aliviada por ter sobrevivido ao cataclismo.
Nesse exato momento ela sente os seus braços e pernas serem agarrados, gritando apavorada procura se soltar. Porém sem conseguir, a pressão aumenta, ela é puxada para ambos os lados.
Gritando, implorando e chorando Luna se debate contra as amarras que lhe prendem.
Sentindo os seus membros serem puxados ao extremo, escuta os seus ossos se quebrarem feito frágeis cascas de ovos, em meio a dores atrozes ela vê o seus membros serem decepados e o seu corpo caiu ao solo imundo como uma boneca velha e maltratada.
Em choque devido aos ferimentos, dores e a perca de sangue que esvai aos borbotões, emudece ao ver surgir a sua frente um ser de rara beleza.
Tão lindo que ofuscava aos elementos da natureza, sua pele branca e marmórea, não possuía uma macula sequer.
Seu corpo era perfeito, tinha sido criado para ser acariciado, mimado, admirado e amado.
Morrendo lentamente Luna se encontra em êxtase admirando tão belo homem.
É neste momento que do abdômen perfeito, uma fissura se abre e tentáculos denteados saem em busca do que sobrou da desavisada escrava.
Enrolando e envolvendo em torno do tronco dela, prende-a e a puxa de encontro à cavidade do estomago. Iniciando a comê-la pela parte inferior do corpo.
Sem forças para gritar Luna se vê sendo devorada aos poucos, dentada por dentada, por aquele que é objeto de adoração da população: O Deus vivo da Luz Sombria.
Lágrimas se misturavam ao sangue, nacos de carne e ao fluido digestivo que a criatura liberava no ato de se alimentar...









Orion, 28/02/3028.

Pernas e braços femininos foram encontrados jogados no rio, presos aos lixos e monturos da sociedade moderna do 13º planeta da Constelação de Orion.
Enquanto no pátio central da cidade, uma estatua magnifica de mármore representa o Deus protetor da polis.
Ele representa o ideal de beleza, virtudes e valores que a sociedade idolatra e propaga: O Deus da Luz sombria, a bondade encarnada na pureza da beleza.
A dez quadras dali um beco sombrio rescende a podre, a medo, a morte, ao caos, a pecados escondidos e acobertado pela escuridão.

Nenhum comentário:

Postar um comentário